A introdução e execução da disciplina de História e Cultura da África no currículo escolar Lei (10.639, aprovada em janeiro de 2003). Traz um discurso sobre a educação como uma medida para tentar representar uma possibilidade de mudança.
"Quando se fala em heróis, as crianças tendem a associar a palavra ao que estão acostumadas a ver nos desenhos animados e filmes. Das duas, uma: ou imaginam alguém irreal, com poderes especiais, ou alguém que deu a vida por uma causa ou por um povo. Ao usar este material, recomenda-se que o professor deixe claro que talentos especiais não são superpoderes e que dar a vida por uma causa não significa necessariamente morrer por ela. Ao compreender isso, os alunos vão começar a entender a grandeza de muitos personagens da história. Após apresentar os três escritores desta edição de Raça Educação, uma sugestão para o professor é pedir aos alunos que aprofundem num trabalho as biografias dos três escritores, falando também sobre a época em que esses personagens viveram. Dependendo da série dos estudantes, pode-se pedir que leiam obras desses três autores e façam uma exposição em sala de aula" (Heróis das Letras Edição 95 -Fevereiro/2006).
A revista, ao mostrar a forma de como esta disciplina deve ser abordada na escola, tem como interesse fazer com que os afro-descendentes se orgulhem da sua história sendo representada por intelectuais negros. Sobretudo um trabalho de valorização da cultura negra por meio da construção positiva da auto-estima das crianças negras.
Para Consuelo Silva (1995), é no contexto das interações sociais, através das identificações, que as crianças se percebem como parte do mundo social específico e, conforme o modo como são identificadas e tratadas pelos seus outros significativos, adquirem uma auto-imagem na qual moldarão sua identidade, pois é na socialização primária que a transmissão de valores e crenças dos agentes mediadores de seu grupo social influencia decisivamente na sua forma de pensar e agir.
Hall (2001, p.50-51) discorre que a cultura nacional é um discurso – um modo de construir sentidos que influencia e organiza tanto nossas ações quanto a concepção que temos de nós mesmos. Hall ainda argumenta que a identidade está profundamente envolvida no processo de representação, portanto neste quadro a forma que é colocada pela revista, é através da educação que pode-se desmistificar estereótipos que mantêm o preconceito racial, assim descobrindo formas de combater o racismo.
* Retirado da minha monografia: As representações
Sociais na Ressignificação da Identidade Ética do povo negro: no caso da revista
Raça Brasil. Defendida na semana da Consciência Negra
em 23 de novembro de 2006.
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