Lá esta ela, minha guardiã. Minha ancestral. A força de toda mulher. Quando ela aparece aqui no poste da minha casa é pra me dá algum recado.
Fui marcada por esta Feiticeira em 2005, quando sofri um abuso sexual e a partir deste acontecimento trágico muita coisa se desenrolou na minha vida, permaneci em silêncio até hoje.
E elas são assim, são tomadas pela vingança porque o corpo de uma mulher foi violado. E elas se nutrem do ódio.
Ìyàmì é o termo que designa as terríveis ajés, feiticeiras.
Pelo seu grande valor no equilíbrio, na manifestação da justiça.
As Ìyàmìs possuem uma cabaça e um pássaro.
A coruja é um de seus pássaros.
A pena da coruja é utilizada em ritos das Ìyàmì, na finalidade de obter proteção contra os perversos espíritos da noite, ameaças e inveja.
É este pássaro quem leva os feitiços até seus destinos. Ele é pássaro bonito e elegante, pousa suavemente nos tetos das casas, nos galhos das árvores, e é silencioso.
Se as Ìyàmìs dizem que é pra matar, elas matam, se elas dizem pra levarem os intestinos de alguém, levarão.
Elas enviam pesadelos, fraqueza nos corpos, doenças, dor de barriga, levam embora os olhos e os pulmões das pessoas, dão dores de cabeça e febre, não deixam que as mulheres engravidem e não deixam as grávidas darem à luz.
Toda Ìyàmìs deve levar uma vítima ou o sangue de uma pessoa à reunião das feiticeiras. Mas elas têm seus protegidos, e uma Ìyàmìs não pode atacar os protegidos de outra Ìyàmìs.
Esta imensa massa energética que representa o poder da ancestralidade coletiva feminina é cultuada pelas sociedades Gëlèdé, compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder.
A minha maldição foi lançada sobre alguns. NÃO TIVE ESCOLHA.
Durante as expedições do pássaro, o corpo da bruxa permanece em casa, inerte na cama até o momento do retorno da ave.
A magia foi feita e a minha coruja esta solta!!!