Sou negra como à noite!

sábado, 17 de agosto de 2013

Música para os ouvidos


Identidade Musical
 
                                                     * Suzana Tavares
 
 
 
 
Cantar é falar duas vezes, uma expressão artística em formas de notas musicais esta arte é uma sapiência para alguns. Com a música passamos sentimentos, levamos informações, contamos histórias e transmitimos mensagens ideológicas. 

A Bahia tem se destacado não somente pelas suas belezas naturais, mas também pela grande diversidade musical. É um estado de inspirações e nesta condição de diversidade que na terra do axé outros estilos musicais vêm se consagrando e ganhando a adesão do público baiano. 
 
É desta forma que vem se destacando a cultura musical negra, que vem se firmando e contribuindo em um processo muito forte de reafricanizacão da cidade do Salvador, alcançando hoje um plasmar intenso de identidade e auto-estima para os negros. E principalmente esse processo vem atuando por meio da música com o estilo reggae e os blocos afro. 
 
“Outras tendências musicais vêm crescendo e com isso estamos conseguindo desbancar o monopólio do axé e pagode, apontando a existência de outros ritmos”, diz o músico Ricardo Pinheiro.  
 
Nesta caracterização o reggae passa a ser mais que um gênero musical, tornando-se uma verdadeira religião, os sons de Jah, nasceu na Jamaica tendo como principal percussor o mito Bob Marley, que disseminou o reggae pelos quatros quantos do mundo, levando mensagens políticas, pacifistas de positividade e fé. Bob Marley tornou-se o primeiro astro internacional do terceiro mundo, o que constitui um passo importante para a superação do complexo de inferioridade cultural dos terceiro-mundistas.   
 
Edson Gomes, Sine Calmon e Nengo Vieira são os clássicos nacionais, pioneiros na execução do reggae na Bahia, usando a música para propagar a liberdade e a igualdade racial, conscientizando na letra o brio negro. 
 
A relação entre a música reggae e o rastafarianismo se tornam fundamental neste processo de reafricanização. “Conservo meus cabelos rasta não por nenhuma ideologia fixa do reggae e sim pela estética, gosto de assumir minha negritude”, afirma a estudante do curso de Publicidade Propaganda Vanessa Souza.
 
A juventude brasileira se identificou com o reggae ao reconhecer em seu discurso a critica ao establishment-Babilônia, a condenação comum a opressão branca e o fortalecimento da afirmação da grandeza da raça negra. A estética jamaicana foi adotada através das tranças e dreadlocks. Mas foi a música, sem dúvida alguma, o principal elemento de identificação entre as duas culturas, a brasileira e a jamaicana. O Reggae se constitui assim como uma ponte simbólica ligando povos distintos e distanciados geograficamente.
 
Blocos Afro - O mesmo acontece com as músicas dos blocos afro como Ilê Aiyê, Malê deBalê e Olodum, representando a força da identidade negra e desempenhando um papel social importante na reeducação nas relações entre negros e não negros e nos processos pedagógicos, políticos e econômicos. 
 
A dançarina Bárbara Nascimento diz que o bloco ilê aiyê conserva a segregação, porque o branco não pode participar do desfile no carnaval, “por ter a pela clara tenho que me contentar em vê o desfile fora da corda”, exclama. 
 
Entretanto, os blocos afro declaram que não reprimem os brancos só realçam e levantam a moral do povo negro, ajudando a valorizar a cultura étnica negra para que se crie uma auto-estima por si mesmo, travando no peito o ego africano. 
 
Os blocos afro tentam romper a distância geográfica trazendo a África em versos, é neste ambiente que todos cantam, tocam e dançam a ginga do povo negro, concebendo na musicalidade o batuque preto similar aos sons dos atabaques do candomblé. 
 
Ecuando um discurso de justiça e reparação, mergulham na história dos quilombolas, relembram a sua terra e renovam a guerra pela inclusão. Homens e mulheres exibem a estética negra com cabelos blacks e traçados, consolidando o reconhecimento da beleza negra, nunca a estética afro esteve tão no modismo como agora. 
 
Esse estágio de evolução deve-se boa parte a música que nos proporciona letras com significados de consolidação e reconhecimento da cultura negra, ressignificando a imagem dos afrodescendentes.


 

 
 

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