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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Política: O negro no poder

Já que é ano de eleição e Xangô está a frente começo as citações da minha monografia falando sobre política.
A revista Raça Brasil, nas questões que falam sobre política tenta evidenciar a participação dos parlamentares afrodescendentes na ajuda em prol da comunidade negra, tentando mostrar a responsabilidade assumida por estes políticos para a melhora da situação da população negra, isto é, a revista dá destaque à representação racial na política brasileira.

A revista Raça salienta que esta representação política é fruto do movimento negro que vem lutando para transformar o Brasil, onde os militantes negros foram os heróis que ajudam pavimentar esta estrada, inserindo negros nesta classe para que busquem políticas públicas que levem em conta o fator racial, além de advogar um novo e mais proeminente papel para os negros na política e na sociedade brasileira.

A revista quer mostrar nas suas publicações a representação do negro na esfera política, testemunhando este desenvolvimento, possibilitando um olhar para as questões raciais como relevante parte do jogo de poder na sociedade brasileira.


A Raça Brasil, nesta publicação, se deleita de referências políticas para o leitor brasileiro, permitindo uma construção positiva de representação racial na política. Friedman e McAdam (1992) falam que o conceito de identidade coletiva envolve também o anúncio individual de afiliação. Partilhar de uma identidade coletiva é reconstituir um indivíduo de acordo com uma identidade que é coletivamente valorizada.  Em outras palavras, a revista ao mostrar parlamentares negros fazendo parte do cenário político, engendra não só uma dimensão altruísta de uma possível transformação para estas comunidades, como também permite que o próprio individuo reivindique a presença destes políticos como seus representantes. Nestes termos, a identidade coletiva funciona como um incentivo seletivo que motiva a participação, tanto do indivíduo quanto do coletivo, no interior do movimento social.  

"Para representar o grupo, muitas vezes, elege-se um membro do próprio grupo, outra, contrata-se alguém de fora para fazer isso. Uma vez organizado um grupo, podem-se fazer publicações a respeito da sua história, movimentos que dêem visibilidade social ao grupo, ambos resgatando sua história e seu valor" (GOFFMAN, 1985).         

"O negro começa a construir seu próprio espaço de atuação com o objetivo de influir no jogo político. Essa iniciativa fomenta a tendência de "arregimentar o negro" com fins próprios, tanto no terreno eleitoral quanto, em sentido mais amplo, como grupo social integrado, autônomo e capaz de manejar livremente, em fins próprios, sua parcela de poder político" (Fernandes 1965, p. 21).

A revista Raça Brasil, ao publicar e evidenciar criações, leis e parlamentares negros, faz-se necessário que a sociedade afro-brasileira vote nos candidatos negros, demonstrando pouco favoritismo nas questões partidárias o que está em questão pela revista é o que estes representantes estão fazendo ou poderão fazer para melhorar a vida da população negra, evidenciando para que negro vote em negro, já que são a representação racial no governo para um povo que clama por transformações.  

Segundo, a percepção da emergência de um poder cultural negro - representado pela revista Raça - tentando construir uma identidade positiva para os afrodescendentes revela a politização da questão racial. Michel Agier (1992) explica que esta dinâmica "etnopolítica" do espaço afro-brasileiro, leva a um "embate de subjetividades", no qual o que está em disputa não é apenas a redefinição da imagem do negro, mas a própria redefinição do lugar que ele deveria ocupar na sociedade, especialmente no campo político.

Vemos a revista Raça como um fenômeno da produção da presença e da visibilidade dos afrodescendentes no cenário político dos grandes centros urbanos, também sendo entendida como uma estratégia de luta como se fosse a inserção de um cavalo de Tróia-negro no interior da fortaleza grega-branca, tendo a inserção da política como possibilidade de integração racial, ascensão social e conquista de direitos para a população negra.   
  
* Retirado da minha monografia como TCC de conclusão do curso de jornalismo: As representações Sociais na Ressignificação da Identidade Ética do povo negro: no caso da revista Raça Brasil. Defendida e aprovada na semana da Consciência Negra em 23 de novembro de 2006. 

Um comentário:

  1. boa noite ! seria otimo ter um presidente como joaquim barbosa,competente,dedicado,mostra aqui veio.obrigado

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